Quem foi o Primeiro Papa?

23/04/2012 11:56
O  PRIMADO  DE  PEDRO.

O Papa bispo de Roma, é o sucessor de São Pedro, a quem Jesus entregou o pastoreio de toda a sua Igreja. Vejamos os textos bíblicos e os dados da arqueologia que fundamentam esta proposição. 1. Evangelhos  Notemos que o Apóstolo mais mencionado no Novo Testamento é S. Pedro (171 vezes); o segundo é S. João (46 vezes). No catálogo dos Apóstolos (Mt 10, 2-4; Mc 3, 16-19; Lc 6, 13-16; At1,13) Pedro é sempre colocado em primeiro lugar  Jesus deu muitas provas de deferência a Pedro: ver Mt 17, 24-27 (o tributo pago por Pedro a Jesus); Mt 14, 27-30 (o caminho sobre as águas); Lc 24, 34 (Jesus apareceu a Pedro em particular); Jô 21, 18 (predição do tipo de morte). Era Pedro que geralmente falava em nome de todos:   Mt 14, 28; 15, 5; 16,22; 17,4; 18,21; 19, 27; 26,33; Mc 8, 29; 10, 28; 11, 21; 14,29; Lc 8, 45; 9, 20.33; 18, 28; 22, 31; Jô 6, 68;  13,6-10.36. Importante também é o fato de que Jesus mudou o nome de Simão para Cefas (= Pedro); ver Jo 1, 42. 

Ora o Antigo Testamento só revela dois casos em que Deus tenha trocado o nome de uma criatura; em ambos, mudou-o para conferir-lhe solene missão (a Abraão em Gn 17, 5; a Jacó, em Gn 32, 29). Também a Pedro Jesus quis confiar uma missão formulada em    Mt 16, 17-19; Lc 22, 30-32;     Jô 21, 15-18. Vejamos cada um destes textos: 1.1 - Mt 16, 17-17 = Este texto, embora só se encontre em   Mt, está cheio de semitismos (= construções de língua aramaica falada por Jesus) a ponto que parece fazer-nos ouvir as próprias palavras do Divino Mestre.  O que significa este texto?  - O Senhor promete construir a sua Igreja sobre a Rocha (petra) que é Pedro (Petros; o trocadilho é perfeito em aramaico: Kefa...Kefa). Jesus assim alude à mudança de nome (Jo 1, 42), feita em vista da tarefa que Jesus ia entregar a Pedro.

A Igreja, fundada sobre Pedro, resistirá ao poderio do Mal (= portas do inferno).

 Pedro receberá "as chaves do Reino", isto é, a administração de todas as coisas na Igreja de Cristo (as chaves são o símbolo da autoridade, conformante Is 22, 22; Ap 1, 7; 3, 7s; 9, 1; 20, 1).  - Pedro há de "ligar e desligar", isto é, proibir e permitir; as funções exercidas por Pedro na terra serão confirmadas no céu. Concluímos assim que em Mt 16, 18s Jesus prometeu a S. Pedro a jurisdição universal ou a missão de apascentar a Igreja inteira. Ao fazer de Pedro o fundamento visível da Igreja, Jesus não deixa de ser o fundamento invisível, e mais profundo da mesma (1 Cr 3, 11). Também ao entregar as chaves a Pedro, Jesus continua a "possuir a chave de Davi", que abre e fecha definitivamente  (Ap 3, 7); os poderes de Pedro provêm de Cristo, e são exercidos com a assistência do próprio Cristo.  

Alias, observemos que Jesus fez dos seus discípulos "a luz do mundo" (Mt 5, 14), sem deixar de ser Ele mesmo a luz primeira e fonte total (ver Jô 8, 12; 9, 5; 12, 46).  1.2 - Jô 21, 15-17 = O primeiro prometido em Mt 16 foi realmente entregue após a ressurreição, segundo Jô 21. Cristo confiou a Pedro o pastoreio de todo o rebanho. A imagem do Pastor designa na S. Escritura o Messias e a sua obra   (cf Mq 2, 13; 4, 6s; 5, 3; Sf 3, 19; Jr 23, 3; 31, 19; Is 30, 11; 49, 9s; Ez 34, 7-24; 37, 23-25; Zc 11, 7-9; Mt 18, 12; Lc 15, 4; Jô 11, 11-16). Ora, confiando a Pedro a missão de Pastor, Jesus o constituiu seu Vigário na Terra.  1.3 - Lc 22, 31s = Um aspecto da função pastoral de Pedro é o de confirmar seus irmãos na fé. Para que Pedro o exerça com segurança, Jesus rezou por Pedro, entendendo beneficiar os demais Apóstolos por meio de Pedro.   

2. Os outros livros do Novo Testamento.

Logo após a Ascensão, Pedro aparece à frente dos Apóstolos. Presidiu à eleição de Matias (At 1, 15-26); em Pentecostes fez a primeira proclamação de Cristo (At 2, 14-36); puniu Ananias e Safira (At 5, 1-11). A sua autoridade foi decisiva para se admitirem os pagãos na Igreja (At 11, 18)... Em Antioquia Pedro apareceu observando a Lei de Moisés quanto aos alimentos puros e impuros (Gl 2, 11-14). Fazia-o para não magoar os cristãos provenientes do judaísmo; nisso não havia pecado, mas o comportamento de Pedro tinha tanto peso que podia arrastar os cristãos de origem grega a observar a Lei de Moisés; por isto Paulo chamou a atenção de Pedro. O episódio dá testemunho da autoridade de Pedro na Igreja. 

3. Os testemunhos da história antiga.

Pedro aparece pela última vez nos Atos em At 12, 17: "foi  (de Jerusalém) para outra parte". Reaparece em Roma no ano de 64, como atesta 1Pd 5, 13 ("Babilônia" designa a cidade de Roma pagã). Os antigos escritores da Igreja atestam a presença de Pedro em Roma; citamos apenas Dionísio de Corinto, que entre 165 e 170 escrevia aos romanos: "Pedro e Paulo, indo para a Itália, vos transmitiram os mesmos ensinamentos e por fim sofreram o martírio simultaneamente" (em Eusébio, Hist. ecl. II 25, 8).

A arqueologia, por sua vez, mediante escavações recentes, confirma a morte e o sepultamento de Pedro em Roma.  A história da Igreja, desde cedo, mostra que os sucessores de Pedro em Roma fizeram uso da sua jurisdição. Mencionamos apenas a questão da Páscoa no século II: alguns cristãos da Ásia Menor recusavam seguir o calendário de Roma e das regiões cristãs; o Papa S. Vítor ameaçou-os então de excomunhão (cf. Eusébio, Hist. ecl. V 24, 9-18). Ninguém contestou ao bispo de Roma (= Papa) o direito de assim proceder; parecia claro a todos que nenhum bispo pode estar em comunhão com a Igreja universal sem estar em comunhão com a Igreja de Roma.  Assim vemos como Jesus confiou a Pedro e seus sucessores um primado de magistério e jurisdição, que hoje é exercido pelo S. Padre, o Papa.

Ao instituir a Igreja, a partir do Colégio dos Doze Apóstolos, Jesus o quis como um grupo estável e escolheu Pedro para chefiá-lo. É fácil compreender essa iniciativa do Senhor. Todo grupo humano precisa ter uma Cabeça visível para manter a sua ordem e integridade. Nenhuma instituição humana sobrevive sem observar esta lei.  O que o Evangelho mostra, entretanto, é que Pedro ocupava um lugar de destaque no colégio Apostólico, e que Cristo fez a ele a promessa da primazia entre os apóstolos, para que, uma vez confirmado, confirmasse os seus irmãos (Lc XXII,32).  

Pedro é o mais citado pelos Evangelistas.

Podemos constatar a proeminência de São Pedro entre os Apóstolos, em primeiro lugar, pela quantidade de vezes que ele é nomeado nos Evangelhos: vários já fizeram notar que os evangelistas fazem referência a Pedro 171 vezes (114 nos evangelhos e 57 nos Atos dos Apóstolos), enquanto que do apóstolo amado, São João, fazem 46 citações.  É o que se poderia chamar de prova estatística, pois mostra como os Evangelistas consideravam a figura do príncipe dos apóstolos, destacada desde cedo pela autoridade de Cristo. Veremos mais adiante que São Pedro não é apenas nomeado maior número de vezes, mas principalmente em citações que denotam importância, e que o critério numérico simplesmente serve para reforçar este. Para impugnar esse argumento, alguns fazem notar que São Paulo é nomeado 160 vezes nos Atos dos Apóstolos, onde  Pedro aparece 57 vezes, e que portanto, por esse critério, São Paulo teria mais direito ao título de papa.  Entretanto, o que importa demonstrar, com isso, é que houve um que foi destacado entre os doze apóstolos, designado por Cristo para guiar os demais.

Essa questão diz respeito aos primeiros seguidores de Cristo, e quando o Apóstolo das Gentes se converteu, ela já estava decidida. Só Nosso Senhor poderia nomear um seu representante com tal poder e autoridade. Cristo muda o nome de Simão para Pedro. Outro destaque exclusivo de Pedro é que Cristo, ao chamá-lo a uma nova e superior vocação, lhe atribui curiosamente um novo nome, que carrega o significado poderoso de, ao mesmo tempo, chefe e fundamento da nova sociedade que terá por missão espalhar os ensinamentos do Mestre pelos quatro cantos do mundo. "Este (André) encontrou primeiro seu irmão Simão, e disse-lhe: Encontramos o Messias. E levou-o a Jesus. E Jesus, fixando nele o olhar, disse: Tu és Simão, filho de João, tu serás chamado Cefas, que quer dizer Pedro (Pedra)" (S. João, I, 41-42). 

Analisemos em primeiro lugar a mudança do nome: quantas vezes, em toda a Escritura, Deus muda o nome de alguém? Se são poucas as vezes, conclui-se que esse ato é solene, dada a sua excepcionalidade, que faz concluir a gravidade daquilo que o motivou.  Ora, em toda a Sagrada Escritura Deus muda apenas três vezes o nome de homens, sempre para destacar a dignidade de uma vocação superior: primeiro, muda o nome de Abrão para Abraão, tornando-o o patriarca fiel a Deus e recompensado com a Antiga Aliança e a promessa de uma descendência pujante (Gênesis, XVII, 5-8).

O segundo eleito é Jacó, a quem Deus nomeia Israel, renovando as promessas feitas ao avô em relação ao povo judeu. A mais nenhum Deus concede esse privilégio, nem a Reis nem a Profetas, que foram tantos e com tal Santidade! No Antigo Testamento, Deus sela a Aliança com seu povo escolhendo e mudando o nome dos Patriarcas, mostrando de forma inequívoca que unge - separa - seus eleitos.  Nosso Senhor então, na plenitude dos tempos, quando a humanidade se encontra preparada para a grande obra da Redenção, vai novamente distinguir aqueles com quem firmará a Nova e Eterna Aliança, mudando o nome do seu Patriarca, que deverá apascentar seus cordeiros e ovelhas pelos séculos, prometendo-lhe Sua assistência infalível.

E muda seu nome não para qualquer, mas para Pedro (Cefas, que em aramaico - língua falada por Nosso Senhor - quer dizer Rocha), mostrando que sua Igreja não seria fundada sobre areia.  Esse é um fato muitas vezes esquecido, ou relegado a um plano inferior, porém tem uma importância enorme, pois demonstra que Pedro deveria ter entre os Apóstolos uma distinção de honra, incompatível com uma idéia de igualdade entre os doze. Notemos que nem São Paulo mereceu tal honra. 

Cristo prefere a barca de São Pedro.

Outro aspecto interessante da distinção de Pedro diz respeito a sua barca, que desde muito cedo foi interpretada pelos Santos Padres como símbolo da Igreja, unicamente na qual podem se salvar os homens.  Cristo, na sua pregação evangélica, prefere invariavelmente a barca de Pedro. Na verdade, não se nomeia expressamente outra barca de que Cristo tenha se servido. É na barca de Pedro que ocorre a pesca milagrosa, de uma simbologia extremamente  significativa (S. Lucas, V, 3-6). Outra pesca milagrosa irá ocorrer após a ressureição, no lago de Tiberíades, de novo na barca de Pedro  (João, XXI, 3,7, 11). A barca de Pedro é chamada de "a barca", por antonomásia, em outras passagens (Mateus, VIII, 23; XIV, 22; Marcos, IV, 36; VI, 45), em oposição às "outras barcas" (Marcos, IV, 36)

Tiremos a conclusão obrigatória: fora da Barca de Pedro não se acha Cristo. A casa de Pedro em Cafarnaum e o tributo.

Dois fatos aparentemente corriqueiros da vida de Cristo se juntam às evidências até aqui acumuladas, e dizem respeito à proximidade do mestre a Pedro. Primeiro, observa-se pelos Evangelhos que, quando Cristo se demora em Cafarnaum, é na casa de Pedro que se hospeda. "Ao sair da Sinagoga, Jesus e os que o seguiam se dirigiram à casa de Pedro e André ..." (Marcos, I,29; Mateus, VIII, 14; Lucas, IV, 38), e que mais tarde, à porta da casa (de Pedro) Jesus fazia milagres. São Marcos, em outras ocasiões, sem mencionar outra casa, diz simplesmente que o Mestre se dirigiu "à casa" e "para casa" (Marcos, II,1; III,20; IX, 32). 

A grande promessa Um dos motivos da grande resistência à primazia de Pedro é o fato dele não ter exercido nenhum poder entre os Apóstolos mesmo após as palavras de Cristo que lhe teriam dado esse poder.  O que não entendem os inimigos do papado é que Cristo fez uma promessa a Pedro, e não uma nomeaçao imediata. Não faria sentido Cristo designar Pedro para que guiasse as almas enquanto Ele estivesse no mundo.  Se os Apóstolos e Discípulos se questionavam quem seria o primeiro, ou o maior no reino, era porque pouco entendiam do que Nosso Senhor ensinava por serem almas toscas, e não porque haveria dúvida acerca da primazia. Essa questão já estava definida.  Para que se compreenda, vejamos o seguinte fato: que verdade estaria mais clara para os discípulos de Cristo, do que o caráter transcendental do seu reino?

Nosso Senhor continuamente lhes dizia que seu reino não era deste mundo; no entanto, pouco antes da Ascensão aos Céus, um discípulo pergunta se Cristo iria restituir o reino de Israel naquele momento (Atos, I, 7)!  A mãe de Tiago e João pede um lugar de destaque no reino para os filhos (S. Mateus, XX, 24); quando os discípulos disputavam para ver quem era o maior, Cristo os repreendeu dizendo que "Entre os gentios, os reis exercem dominação sobre os súditos. Entre vós, não há de ser assim; antes, o que é maior entre vós faça-se como o menor, e o que manda como o que serve." (S. Lucas, XXII, 25-27).  Com isso Cristo ensina uma nova forma de exercer a autoridade, mais perfeita, e não pretende combater a primazia daquele que manda, pois aplica a regra de humildade a si mesmo; em outra passagem (S. João, XIII, 13), o mesmo Cristo se diz Mestre e Senhor; aquele pois, que é mestre, sirva para dar o exemplo e praticar a humildade, e não para deixar de ser mestre.

 O "Tu es Petrus" Se todos esses episódios nos servem para reconstituir o quadro da predileção por Pedro, a passagem da grande promessa é o momento solene da confirmação dessa vocação singular. Cristo dirige-se a Pedro, após sua maravilhosa profissão de fé ("Que dizem os homens de mim (...) que dizeis vós?" "Tu és o Cristo, Filho de Deus vivo"!), e confirma sua promessa: "Bem aventurado és Simão Barjona, porque não foi a carne e o sangue que a ti revelou, mas sim meu Pai que está nos céus, e eu digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão sobre ela. E eu te darei as chaves do reino dos céus, e tudo o que ligares na terra será ligado também nos céus"(S.Mateus, XVI, 16-19)  Nunca houve texto mais deturpado, mais recortado e refeito, na busca desesperada de alterar-lhe o sentido, que se apresenta simples. Para os protestantes, Cristo estaria falando de duas pedras. A primeira pedra ("tu és pedra") não é pedra; no máximo, é uma pedra menor, diferente da segunda ("sobre esta pedra").

A primeira é Pedro, a segunda, Cristo, ou a confissão de Pedro, conforme o examinador.  Porém, o texto se dirige todo a Pedro - "tu és Pedro..."; "eu te darei as chaves..."; "tudo que (tu) ligares..." – em resposta à sua confissão, como um prêmio pela sua defesa pública da fé. O texto não traz qualquer interrupção lógica, para passar a se referir a Nosso Senhor. Se assim fosse, a frase ficaria sem sentido: "tu és Pedro, mas não edificarei a minha Igreja sobre ti, senão sobre mim; as chaves do céu porém te darei."  Ora, é impossivel admitir que a Sabedoria Divina tenha se expressado de forma tão confusa, ainda mais se nos lembrarmos da mudança do nome de Pedro.

Lembremos ainda que Cristo falava em aramaico, língua em que Pedro e pedra significam, ambos, Cefas. Não resta qualquer espaço para dúvidas. Mas, dirão ainda os protestantes: em várias passagens se diz que Cristo é a pedra, o fundamento! Não há dúvida. Mas só Cristo é pedra? Vejamos o que Nosso Senhor diz:"eu sou a luz do mundo" (S. João, VIII, 12) e depois: "Vós sois a luz do mundo", dirigindo-se aos apóstolos (Mateus, V, 15).  Duas luzes? Sim. Há, portanto, luz e luz, pedra e pedra. Uma luz fonte, outra luz reflexo; uma pedra fundamento invisível, causa e fim dos homens, outra pedra fundamento visível, rocha de sustentaçao da Igreja indefectível e guia infalível dos homens.

Na verdade, Cristo não  poderia ter agido de outra forma, se quisesse que sua Igreja triunfasse durante os séculos, senão conferindo ao pastor universal, Seu representante na Terra, um poder infalível.  Se esse puder fosse falível, como esperar que não perecesse?                  É exatamente o que ocorre com as seitas derivadas do movimento reformador de Lutero, surgindo e desaparecendo aos borbotões.                    O "Pasce oves mea" Como se isso tudo não bastasse, temos ainda o trecho soleníssimo em que Cristo confia o seu rebanho a Pedro, dando-lhe, portanto seu poder de jurisdição sobre os cristãos. 

A Pedro, e a ninguém mais, é confiado o pastoreio das ovelhas e dos cordeiros, a que nosso Senhor pede três vezes a confirmação de Pedro, e três vezes o confirma: "Disse Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes? Respondeu-lhe Pedro: Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo. Disse-lhe (Jesus): Apascenta os meus cordeiros. Disse-lhe outra vez: Simão, filho de João, tu me amas? Ele disse-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo. Disse-lhe (Jesus): Apascenta os meus cordeiros. Disse-lhe pela terceira vez: Simão, filho de João, amas-me?  Ficou triste Pedro, porque pela terceira vez, disse-lhe: Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo. Disse-lhe (Jesus): Apascenta as minhas ovelhas." (S. João, XXI, 15-17)

Ora, Cristo não possuía nem cordeiros nem ovelhas. O que Ele confia a Pedro é seu rebanho de almas, constituindo-o seu pastor.  Aqui novamente temos Pastor e pastor, pois Nosso Senhor é o bom pastor. Alguns tentam reduzir esse episódio a uma mera reconciliação do Apóstolo com Cristo, após a tríplice negação de Pedro na casa de Anás e Caifás, antes da crucificação de Cristo. Porém, esquecem-se que após a Ressurreição, é a Pedro que Cristo aparece primeiro (São Lucas XXIV, 34), mostrando que a traição não fizera Pedro perder sua primazia: Cristo continua considerando Pedro o primeiro.  Cristo, sem dúvida, fez Pedro compreender o horror do pecado e o perigo de não se fugir da ocasião de pecado.

O Evangelho nos conta que Pedro chorou amargamente. De fato, que dor não deve ter experimentado o Apóstolo, ao cair num pecado justamente contrário à virtude que mais vemos presente nele: a defesa pública da verdade, o desafiar o respeito humano. Aliás, essa virtude ele que irá praticar em grau heróico a partir de então, dando sua vida pela expansão da Igreja. Unicamente em relação a Pedro, portanto, vemos a significativa mudança do nome, a sempre testemunhada primazia entre os Apóstolos, o pagamento do tributo, o uso exclusivo de sua casa em Cafarnaum e de sua barca, a promessa solene de ser fundamento da Igreja, a entrega das chaves do reino dos céus, a nomeação para o pastoreio dos fiéis. 

E há aqueles ainda que não vêem diferenças entre os doze apóstolos!  Para esses, resta a esperança da promessa de Cristo, de que poderia das pedras fazer filhos de Abraão. Para isso, porém, terão que aceitar que Cristo, de um filho de Abraão, fez Pedra.  São Pedro, após a ascensão de Cristo, assumirá seu dever de pastor universal, conduzindo a Igreja nascente. Após sua morte, será substituído, no decorrer dos séculos, pelos seus legítimos sucessores, os papas, até a consumação dos tempos, sob a assistência infalível de Cristo.

FUNDAMENTOS  BÍBLICOS  DO  PRIMADO DE  PEDRO  JESUS PROMETE FAZER DE PEDRO O PRIMEIRO PAPA (Mt. 16,13 - 19)

Chegando à região de Cesaréia de Filipe, Jesus perguntou a seus discípulos: "Quem as pessoas dizem que é o Filho do homem?" Eles responderam: "Alguns dizem que é João Batista; outros, Elias; outros, Jeremias ou um dos profetas". Então ele perguntou-lhes: "E vós, quem dizeis que eu sou?" Simão Pedro respondeu: "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo". Em resposta, Jesus disse: "Feliz és tu, Simão filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue quem te revelou isso, mas o Pai que está nos céus. E eu te digo: Tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja e as portas do inferno nunca levarão vantagem sobre ela. Eu te darei as chaves do reino dos céus, e tudo que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo que desligares na terra será desligado nos céus"   

 NEGAÇÃO DE PEDRO (Mt. 26,69 - 75)

Enquanto isso, Pedro estava sentado lá fora, no pátio. Uma criada aproximou-se dele e disse: "Tu também estavas com Jesus, o Galileu". Mas ele negou diante de todos, dizendo: "Não sei o que dizes". Mas, ao sair em direção à porta, outra criada o viu e disse aos que lá estavam: "Este homem estava com Jesus, o Nazareno". E de novo ele negou com juramento que não conhecia o homem. Pouco depois, os que ali estavam chegaram perto dele e disseram: "De fato, tu também és um deles, pois teu sotaque te denuncia". Ele então começou a rogar pragas e a jurar que não conhecia o homem. Neste instante o galo cantou. Pedro se lembrou do que Jesus lhe dissera: "Antes que o galo cante, me negarás três vezes". E,  saindo para fora, Pedro chorou amargamente.   

PEDRO É CONSTITUÍDO PASTOR (Jo 21,15 - 17)

Quando acabaram de comer, Jesus disse a Simão Pedro: "Simão filho de João, tu me amas mais do que estes?" Ele respondeu: "Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo". Jesus disse: "Apascenta os meus cordeiros". Jesus perguntou pela segunda vez: "Simão filho de João, tu me amas?

"Pedro respondeu: "Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo". Jesus lhe disse: "Apascenta as minhas ovelhas". Pela terceira vez Jesus perguntou: "Simão filho de João, tu me amas?" Pedro ficou triste por lhe ter perguntado três vezes 'tu me amas?' e respondeu: "Senhor, tu sabes tudo, sabes que eu te amo". Disse-lhe Jesus: "Apascenta as minhas ovelhas".   

SÃO PEDRO PREGA SOBRE O AMOR (1ª Pd. 3,8 - 12)

Finalmente, tende todos um mesmo sentir, sede compassivos, fraternais, misericordiosos, humildes. Não pagueis mal com mal nem injúria com injúria. Ao contrário, abençoai, pois fostes chamados para serdes herdeiros da bênção.   

 SÃO PEDRO PREGA SOBRE A ALEGRIA, MESMO NO SOFRIMENTO (1ª Pd. 4,12 - 14)

Caríssimos, não estranheis o fogo da provação que se produziu entre vós, como se algo de extraordinário vos acontecesse. Deveis alegrar-vos na medida em que participais dos sofrimentos de Cristo, para que na revelação de sua glória possais exultar e alegrar-vos. Felizes sereis vós se pelo nome de Cristo fordes ultrajados, porque o Espírito da glória, que é o Espírito de Deus.

 

Provas do Novo Testamento Atestando o Papado e o Primado de Pedro.

 

A doutrina católica do Papado está baseada na Bíblia e é derivada da evidente primazia de São Pedro entre os Apóstolos de Cristo. Como todas as doutrinas cristãs, esta também experimentou um desenvolvimento através dos séculos, mas não perdeu seus componentes essenciais que já existiam na liderança e prerrogativas de São Pedro. Tudo isto foi dado a ele pelo próprio Senhor Jesus Cristo, como reconheceram seus contemporâneos e foi aceito pela Igreja primitiva.

Os dados bíblicos petrinos são evidentes e convincentes pela virtude de seu peso cumulativo. Tal peso é especialmente claro conforme vemos nos comentários bíblicos; seguem-se, assim, as evidências da Sagrada Escritura: 1º. Mt 16,18: "Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela".A pedra ("petra", em grego) aqui se refere ao próprio São Pedro e não à sua fé ou a Jesus Cristo. Cristo aparece aqui não como o fundamento, mas como o arquiteto que "edifica". A Igreja é edificada não sobre confissões, mas sobre confessores - homens vivos (v., p.ex., 1º Pd 2,5). Hoje, o consenso comum da grande maioria dos pesquisadores e comentaristas bíblicos favorece esta dedução católica tradicional.

Aqui se diz que São Pedro é a pedra-fundamental da Igreja, tornando-o cabeça e chefe da família de Deus (isto é, a semente da doutrina do papado). Além disso, "pedra" expressa uma metáfora aplicada a ele por Cristo em um sentido análogo ao do Messias sofredor e desprezado (1º Pd 2,4-8; cf. Mt 21,42). Sem um fundamento sólido qualquer casa desaba. São Pedro é o fundamento, mas não o fundador da Igreja; é o administrador, mas não o Senhor da Igreja. O Bom Pastor (Jo 10,11) nos dá outros bons pastores (Ef 4,11). Mt 16,19: "Eu te darei as chaves do Reino dos Céus..."O "poder das chaves" expressa a autoridade administrativa e disciplina eclesiástica com relação às necessidades da fé, como em Is 22,22 (cf. Is 9,6; Jó 12,14; Ap 3,7).

É deste poder que surge o uso de censuras, excomunhão, absolvição, disciplina batismal, imposição de penas e poderes legislativos. No Antigo Testamento, o comissário ou primeiro-ministro era aquele homem que estava acima da assembléia (Gn 41,40; 43,19; 44,4; 1º Rs 4,6; 16,9; 18,3; 2Rs 10,5; 15,5; 18,18; Is 22,15.20-21). Mt 16,19: "...e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado no céu"."Ligar" e "desligar" são termos técnicos usados pelos rabinos e que têm o significado de "permitir" e "proibir" com relação à interpretação da lei e, secundariamente, "condenar", "desproibir" ou "liberar".

Assim, a São Pedro e aos papas é dada a autoridade para determinar as regras de doutrina e vida, por virtude da revelação e orientado pelo Espírito Santo (Jo 16,13), e para exigir obediência por parte da Igreja. "Ligar" e "desligar" representam os poderes legislativo e judicial do papa e dos bispos (Mt 18,17-18.. Jo 20,23). Porém,

São Pedro foi o único apóstolo que recebeu nominal e singularmente estes poderes, tornando-o preeminente.                 

O nome de Pedro aparece em primeiro lugar em todas as listas que enumeram os apóstolos (Mt 10,2.. Mc 3,16;    Lc 6,14.. At 1,13). Mateus até o chama de "o primeiro" (Mt 10,2).

Já Judas Iscariotes é invariavelmente mencionado por último. que "a sua fé (=Pedro) não desfalecesse" (Lc 22,32). Pedro Pedro é quase sempre mencionado em primeiro, mesmo quando aparece ao lado de outros. A (única) exceção está em Gl 2,9, onde ele ("Cefas") é listado após Tiago e João, mas, mesmo assim, o contexto coloca-o em preeminência (ex.: Gl 1,18-19; 2,7-8).

Pedro é o único entre os Apóstolos que recebe um novo nome, Pedra, solenemente conferido (Jo 1,42... Mt 16,18).

Da mesma forma, Pedro é estimado por Jesus como o Pastor chefe, logo após Ele (Jo 21,15-17), de forma especial pelo nome, e sobre a Igreja universal, apesar dos demais apóstolos terem uma função similar mas subordinada     (At 20,28; 1Pd 5,2).

Pedro é o único apóstolo mencionado pelo nome quando Jesus Cristo orou para é o único apóstolo a ser exortado por Jesus para que "confirmasse os seus irmãos" (Lc 22,32). Pedro foi o primeiro a confessar a divindade de Cristo          (Mt 16,16).

Apenas de Pedro diz-se que recebeu conhecimento divino através de uma revelação especial. (Mt 16,17).

Pedro é respeitado pelos judeus (At 4,1-13) como líder e porta-voz dos cristãos.

Pedro é respeitado pelas pessoas comuns da mesma maneira (At 2,37-41; 5,15).

Jesus Cristo associa-se a Pedro no milagre da obtenção de dinheiro para o pagamento do tributo  (Mt 17,24-27). Cristo ensina as multidões de cima do barco de Pedro e o milagre que se segue, apanhando peixes no lago de Genesaré   (Lc 5,1-11), podem ser interpretados como um metáfora do papa como "pescador de homens" (cf. Mt 4,19).

Pedro foi o primeiro apóstolo a correr e entrar no túmulo vazio de Jesus (Lc 24,12; Jo 20,6).

Pedro é reconhecido pelo anjo como o líder e representante dos apóstolos (Mc 16,7). Pedro lidera a pescaria dos apóstolos (Jo 21,2-3.11).

 O "barco" de Pedro Tem sido respeitado pelos católicos como uma figura da Igreja, com Pedro no leme. Apenas Pedro se lança e anda sobre o mar para encontrar Jesus (Jo 21,7).

As palavras de Pedro são as primeiras a serem registradas, bem como são as mais importantes, no discurso anterior ao Pentecostes (At 1,15-22).

Pedro toma a liderança na escolha do substituto para o lugar de Judas Iscariotes (At 1,22).

Pedro é a primeira pessoa a falar (e a única a ser registrada) após ao Pentecostes, tendo sido ele, portanto, o primeiro cristão a "pregar o Evangelho" na Era da Igreja (At 2,14-36).

Pedro realiza o primeiro milagre da Era da Igreja, curando um aleijado (At 3,6-12).

Pedro lança a primeira excomunhão (anátema sobre Ananias e Safira) enfaticamente confirmada por Deus.    (At 5,2-11)! Até a sombra de Pedro realiza milagres (At 5,15).

Pedro é a primeira pessoa após Cristo a ressuscitar um morto (At 9,40). Cornélio é orientado por um anjo a procurar

Pedro para ser instruído no cristianismo (At 10,1-6).

Pedro é o primeiro a receber os gentios após receber uma revelação de Deus (At 10,9-48).

Pedro instrui os outros apóstolos sobre a catolicidade (universalidade) da Igreja (At 11,5-17).

Pedro é o objeto da primeira mediação divina na Era da Igreja (um anjo o liberta da prisão - (At 12,1-17).

Toda a Igreja (fortemente indicado) oferece "fervorosa oração" para Pedro enquanto se encontra preso (At 12,5).

Pedro preside e abre o primeiro Concílio da Cristandade, e estabelece princípios que serão posteriormente aceitos (At 15,7-11).

Paulo distingue as aparições do Senhor (após sua ressurreição) a Pedro daquelas que se manifestaram aos demais apóstolos (1º Cor 15,4-8).

Os dois discípulos no caminho de Emaús fazem a mesma distinção   (Lc 24,34), nesse momento mencionando apenas Pedro ("Simão") , ainda tendo eles mesmos visto a Jesus ressuscitado momentos antes (Lc 24,31-32).

Muitas vezes Pedro é distinto dos demais apóstolos (Mc 1,36 Lc 9, 28.32.. At. 2,37; 5,29.. 1Cor 9,5).

Pedro é sempre o porta-voz dos demais apóstolos, especialmente durante os momentos decisivos (Mc 8,29;      Mt 18,21.. Lc 9,5; 12,41.. Jo 6,67ss).

O nome de Pedro é sempre listado em primeiro no "círculo íntimo" dos discípulos (Pedro, Tiago e João -       Mt 17,1; 26,37.40.. Mc 5,37; 14,37).

Pedro é muitas vezes a figura central em relação a Jesus, nas cenas dramáticas tal como o fato de andar sobre a água.  (Mt 14,28-32.. Lc 5,1ss.. Mc 10,28.. Mt 17,24ss).

Pedro é o primeiro a reconhecer e refutar a heresia de Simão Mago (At 8,14-24).

O nome de Pedro é mencionado muitas mais vezes do que os nomes dos demais discípulos em conjunto:   191 vezes (162 como Pedro ou Simão Pedro; 23 como Simão; e 6 como Cefas). Em freqüência, João aparece em segundo lugar com apenas 48 menções, sendo que Pedro está presente em 50% das vezes em que encontramos o nome de João na Bíblia! [...]

Todos os demais discípulos em conjunto são mencionados 130 vezes. [...] A proclamação de Pedro no dia de Pentecostes (At 2,14-41) contém uma interpretação autoritária da Escritura, além de uma decisão doutrinária e um decreto disciplinar a respeito dos membros da "Casa de Israel" (At 2,36) - um exemplo de "ligar e desligar".

Pedro foi o primeiro carismático, tendo julgado com autoridade e reconhecendo o dom de línguas como genuíno. (At 2,14-21).

Pedro foi o primeiro a pregar o arrependimento cristão e o batismo (At 2,38).

Pedro (presumivelmente) tomou a liderança no primeiro batismo em massa (At 2,41). Pedro comandou o batismo dos primeiros cristãos gentios. (At 10,44-48).

Pedro foi o primeiro missionário itinerante e foi o primeiro a exercitar o que chamamos hoje de "visita às igrejas"      (At 9,32-38.43).

Paulo pregou em Damasco imediatamente após sua conversão (At 9,20), mas não foi para esse lugar com tal objetivo (Deus alterou seus planos). Sua jornada missionária inicia-se em At 13,2.

Paulo foi para Jerusalém especificamente para ver Pedro durante 15 dias, no início de seu ministério (Gl 1,18); e foi encarregado por Pedro, Tiago e João (Gl 2,9) a pregar para os gentios.

Pedro age (fortemente indicado) como o bispo/pastor chefe da Igreja (1º Pd 5,1), exortando todos os outros bispos ou "anciãos". Pedro interpreta profecia  (v. 2Pd 1,16-21).

Pedro corrige aqueles que distorcem os escritos de Paulo (2º Pd 3,15-16).

Pedro escreve sua primeira epístola a partir de Roma, conforme atesta a maioria dos estudiosos, como bispo dessa cidade e como bispo universal (ou papa) da Igreja primitiva. "Babilônia" (1º Pd 5,13) é codinome para Roma.

Conclusão: seria impossível acreditar que Deus daria a São Pedro tamanha preeminência na Bíblia se isso não fosse significativo e importante para a história posterior da Igreja, em especial, para o governo da Igreja. O papado é a realização mais completa e plausível a esse respeito

 

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